Prof. Flávio Cunto, do Departamento de Engenharia de Transportes

BREVIÁRIO: Fale-nos um pouco sobre você, seu background acadêmico e interesses de pesquisa.

Prof.Flavio-h150FLÁVIO CUNTO: Terminei a graduação em Engenharia Civil em 1992 aqui mesmo na UFC. Depois de trabalhar durante três anos no ramo da engenharia rodoviária, decidi fazer mestrado em Engenharia de Transportes na Escola de Engenharia de São Carlos (USP), concluindo em 1998. Ao retornar trabalhei como professor na Universidade de Fortaleza (Unifor) até 2004, quando iniciei meu doutoramento, também em Engenharia de Transportes, na Universidade de Waterloo (Canadá), tendo concluído em novembro de 2008. Meu ingresso como professor na UFC ocorreu 2009. Atualmente meus interesses de pesquisa estão muito ligados à operação dos sistemas de transporte, mais especificamente à problemática da segurança viária. Estamos tentando compreender melhor a combinação de fatores e eventos que culminam com a ocorrência dos acidentes de trânsito. Além disso, estamos investigando a utilização de plataformas computacionais que simulam o tráfego veicular em redes viárias urbanas através de modelos microscópicos de tráfego. A ideia dessa abordagem é a avaliação de cenários de engenharia em termos de segurança e fluidez em um ambiente virtual ou seja, antes da estratégia ser implementada em campo.

B: O que lhe trouxe para a sua área profissional? E como decidiu lecionar na UFC?

FC: No início, a engenharia de transportes trouxe fascínio pelo porte das obras e por ser bastante dinâmica, pois sempre tive aversão à rotina. Depois, meu interesse migrou para o planejamento e controle da circulação veicular e finalmente para a problemática dos acidentes de trânsito, que, acredito eu, seja um dos maiores desafios em grandes centros urbanos nos tempo atuais. Minha história como professor teve início em 1999 na Unifor, quando lecionei as disciplinas relacionadas à Engenharia de Transportes do Curso de Engenharia Civil. Amor à primeira aula, tudo o que eu queria… Ausência total de rotina e um prazer enorme em compartilhar tudo o que tinha vivenciado em campo para contribuir na formação dos alunos. Lecionar na UFC foi um sonho desde 1995, quando decidi fazer o mestrado. Confesso que o aspecto salarial afastou-me um pouco do sonho. Somente em 2000, com as primeiras experiências lecionando (na Unifor), decidi “assumir” o lado professor e, aos poucos, planejei o doutoramento. Em 2004, pedi demissão do emprego que tinha e parti para o doutorado. O pensamento de desfazer tudo o que tinha – casa, carros, emprego da esposa (só do emprego, da esposa não!) – para passar quatro anos fora do país e voltar ao Brasil desempregado tirou algumas boas noites de sono, mas foi a decisão mais acertada de toda a minha vida.

B: Quais os desafios em sua atuação docente na UFC?

FC: Acho que o maior desafio é conseguir aliar as duas grandes fontes de motivação pessoal: meu papel de educador e de pesquisador. Isso de uma forma que eu possa contribuir nos dois papéis, mas ao mesmo tempo ser uma pessoa feliz, sem amarguras ou ressentimentos acumulados por desequilíbrios continuados de atribuições, metas, frustrações e desejos ao longo de minha carreira profissional.

B: O que mais o alegra em seu papel como professor?

FC: Os alunos. Gosto de gente. Acho muito gratificante saber que a cada semestre que se inicia irei encontrar um grupo novo de jovens e tentar motivá-los nesse processo de aprendizagem da engenharia.

B: Qual sua opinião sobre a CASa? Qual a importância da formação docente para o professor recém-chegado à UFC?

FC: Como professor, estou na UFC há pouco mais de três anos e participei do momento inicial da CASa. Pessoalmente, a CASa contribuiu bastante na minha atuação como professor. Lembra que eu disse que gosto de gente? Na CASa, conheci e convivi com professores com outras formações, aspirações, visões diferentes em relação ao processo ensino-aprendizagem. Mesmo com todas as diferenças, encontrei uma série de questionamentos similares, mas dessa vez, com várias propostas novas (pelo menos para mim). A CASa, na minha opinião, é uma espécie de porto seguro – ou “botão de pânico” para os novos professores que dormiram pesquisadores e acordaram professores. Nesses casos, corremos um sério risco de simplesmente repetir, sem qualquer questionamento, o mesmo processo de ensino-aprendizagem ao qual fomos submetidos ao longo de nossa vida acadêmica. Pela natureza dinâmica inquestionável desse processo, repeti-lo sem reflexões não parece ser uma estratégia que traga benefícios.

B: Para além da vida no campus, quais são seus outros interesses, hobbies, etc?

FC: Gosto bastante de leitura, música e esportes. Em todos me considero um “sujeito pop” e me deixo levar pela ocasião. Por exemplo, um sábado em família, com um bom churrasco, cervejinha (ninguém é de ferro), nada melhor do que um sambinha de mesa e uma MPB de qualidade. Tenho meus momentos clássicos de Led Zepellin e Pink Floyd e mais modernos com Lenny Kravitz, Erykah Badu, Maxwell e Portishead. Gosto de ler muito sobre história. Sou fascinado pela história das duas grandes guerras. Nos esportes, adoro futebol, sou “vozão”, mas minha paixão tem sido o tênis. Gosto da ideia de praticar um esporte que posso jogar quando ficar mais velho.

 

Entrevista realizada na data 09/05/2013 para coluna Spotlight do Breviário da CASa.