Da alteridade
Eu e tu, nós. Eis um caminho. Uma escolha. Um reconhecimento.
Seria sem você? A quem me reportaria? Na mesma medida és porque sou!
Mas esta é uma escolha difícil, sobretudo nos dias atuais. Somos bombardeados de novos apelos. Pouco nos demoramos. Nosso olhar já não se fixa. A contemplação tornou-se absurdo. Num mundo onde as relações tornaram-se líquidas, somos culpabilizados pela contabilidade. Basta olharmos o número absurdo de “amigos” registrados nas benditas “redes sociais”.
O perigo da liquefação das subjetividades é que elas podem ir para o esgoto. E ali torna-se mais difícil uma distinção, uma autocrítica. No final evaporamos. Fomos.
O outro aparece, portanto, como um porto seguro. Nele podemos nos refugiar, pensarmos sobre nós, nos salvarmos. Se há uma epifania tão esperada, talvez seja essa: a abertura dos olhos, a alegria do vislumbre de alguém que está aqui, encarnado, palpável, com quem eu posso me pronunciar.
Cléber da Silva
Departamento de Farmácia/FFOE
cleberd@ufc.br