Graduanda do Curso de Pedagogia – FACED – UFC

Durante minha caminhada escolar, alguns poucos professores foram, por mim percebidos, como mais do que pessoas que poderiam me ajudar a compreender um conteúdo para realizar exames. Suas contribuições foram magníficas e as carrego até hoje (essa pouca percepção pode está ligada a pouca maturidade ou algo do tipo). Mas foi, de fato, na caminhada acadêmica que essas experiências foram bem mais significativas (e ainda continuam sendo), talvez pelo fato de que é na Universidade que se espera construir o que levaremos por toda a vida, não apenas em termos de conhecimento, pensamento crítico ou amizades, mas porque, geralmente, somos levados a desconstruir tantos conceitos prévios e termos a visão ampliada. 

Assim, compartilho com vocês uma carta que teve como destinatária uma professora que muito me marcou positivamente. A cada dia que passa, certifico-me da beleza que é ter o caminho cruzado com pessoas que têm a incrível capacidade de nos ajudarem a alargar fronteiras.

Querida Lulu,

Sei que você já está com um sorriso no rosto! P.S.: essa é uma marca registrada sua! Fiquei pensando como poderia fazer para escrever essa carta sem ser tradicional, não usando frases feitas. Daí percebi que se optasse por escrever o que penso seria bem mais fácil.

Então, dando um sentido a tudo isso, quero te agradecer de todo coração e com toda a racionalidade possível pela sua vinda e permanência na minha cidade. Dessa permanência aqui, uma serie de acontecimentos foram desencadeados e dentre eles está o seu trabalho, que eu sei que é algo que te inspira e define.

A experiência de passar dois semestres tendo você como professora foi muito rica, muito mesmo. Confesso que me apeguei muito a você, ao seu jeito “maluquinho” de ser e com ele, sim é verdade, aprendi muitas coisas que não estão previstas na ementa das suas disciplinas.

Lembra que no primeiro dia de aula? Eu estava no segundo semestre, as cadeiras da sala estavam dispostas em círculo, como de costume, e você perguntou quais as nossas expectativas para a disciplina. Fiquei pensando em algo para dizer, então falei “espero que a gente se dê bem”. De fato, isso aconteceu!

Sua forma de ser e conduzir os momentos em sala sempre foi muito agradável. Suas atividades, sempre muito criativas e estimulantes, contribuíram para desenvolver minha sensibilidade em relação ao que as crianças produzem, ao que criam. As suas dinâmicas que sempre envolviam todo o grupo eram muito boas, contribuíam para que os alunos se aproximassem e se conhecessem. No inicio eu pensava “como essa mulher vai avaliar a gente?”. Daí você começou a passar atividades que mexiam no nosso baú de vivências, nas nossas memórias e sempre uniu suas avaliações sobre a nossa apreensão dos conteúdos com a nossa subjetividade.  Sabe a última disciplina que fiz com você, no semestre passado? Então, tivemos que fazer o seminário sobre música. Caramba, foi muito bom! Ter tido a idéia de ir ao conservatório de música, observar as crianças apreciando os sons e manipulando os instrumentos foi tão interessante! Os ensinamentos que tive com você não se restringiram só a sua sala de aula no bloco antigo da faced, elas se expandiram e no semestre seguinte, em outra disciplina, ganharam mais vida com dois dias de oficina que desenvolvemos com um grupo de crianças.

Olha só, você chegou e deu um “up” na minha vida não só acadêmica, mas nas áreas pessoais também. Em meio a tantas filosofias, sociologias, metodologias e até psicologias (esses ensinos sendo mais específicos dos semestres iniciais) você trouxe cor para os meus dias. Coloriu as manhãs!

Sabe outra coisa que devo a você? A quantidade de “porquês” que nem sempre sai da minha boca, mas que está na mente e um olhar que procura o “belo” em meio a tanto concreto da nossa cidade. Quando estou na rua e vejo uma árvore florida em meio a tantas outras secas lembro de você.

Sinto ciúmes, mas admiro a sua forma de tratar os alunos, sempre de igual para igual. Cara, você foi uma das primeiras professoras que tivemos na faculdade que sabia o nosso nome!

Agora, já estou olhando para o computador, com as mãos abaixo do queixo e me perguntando que mais posso escrever. Nada vem a mente. Vejo palavras embaralhadas, mas sentimentos definidos, organizados. Posso recolocar, pois acredito que expressei isso nas linhas acima, que sou feliz por tê-la comigo, por ter impressões suas em mim.

“Se vieres, por exemplo, às quatro horas, as três, eu começarei a ser feliz.”

               – Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe 

       Com carinho,

Talita Almeida Rodrigues

Fortaleza, 22/11/2012