O CICLO BÁSICO E O SUCESSO DA GRADUAÇÃO

Durante o último evento dos Encontros Universitários, 2015, o professor José Carlos Siqueira, também do Departamento de Literatura, e eu apresentamos uma comunicação oral no VII Encontro de Docência no Ensino Superior – EUs 2015. O título de nossa fala foi “O ciclo básico e o sucesso da graduação”. Nossa proposta era apresentar uma discussão que se estende no Departamento de Literatura para viabilizar um sucesso maior na formação de nossos alunos.

Esquematicamente, assim se apresenta a proposição de um ciclo básico para o Curso de Letras:

  1. A entrada pelo vestibular seria apenas para o Curso de Letras e não para as habilitações;

  2. O Ciclo Básico seria composto por disciplinas introdutórias das grandes áreas de estudo do Curso de Letras como, por exemplo, “Introdução aos Estudos de Língua Portuguesa”, “Introdução aos Estudos de Linguística”, “Introdução aos Estudos Clássicos”, “Introdução aos Estudos de Línguas e Literaturas Estrangeiras”, “Introdução aos Estudos Literários” etc.

  3. Também poderia haver disciplinas de ordem prática para os estudos universitários, como por exemplo, “Leitura e Escrita de Textos Acadêmicos”, “Técnicas de Informática no Estudo Universitário”, “Produção de Trabalhos Acadêmicos”, “Comportamento e Ética na Vida Universitária”. Tais disciplinas poderiam ajudar os alunos na passagem das rotinas escolares para as universitárias.

  4. Após a aprovação no Ano Básico, o aluno definiria a habilitação pretendida de acordo com a sua classificação pela média das notas semestrais em cada disciplina no primeiro ano. Ele poderia escolher uma ou duas habilitações, respeitados os limites de vagas e a classificação obtida.

Pode-se afirmar que o Ciclo Básico traria muitas vantagens tanto para a Universidade quanto para o aluno. A qualificação do discente seria maior e melhor, pois bons alunos que não conseguiram uma das vagas na habilitação inicialmente desejada no método atual poderão entrar no curso, preparar-se durante um ano para a habilitação e até mudar sua escolha ao conhecer outras áreas que eles não suspeitavam existir. Ainda, as disciplinas do Curso Básico darão uma melhor base para o começo da vida universitária, construindo um repertório básico indispensável para o desenvolvimento intelectual e preparando o estudante para as diversas atividades acadêmicas. Além disso, a evasão pode diminuir bastante, pois os discentes ganham mais confiança nas suas escolhas e preparo para o que lhes será exigido na vida universitária.

O assunto sobre a implantação do Ciclo Básico não é novo; vem de fins dos anos oitenta do século passado e a intenção sempre foi a de que os estudantes poderão fazer uma opção mais consciente de escolha da sua profissão. A ideia do Curso Básico começou a ser praticada pela Comunidade Europeia, levando por denominação “processo de Bologna”, que, entre eles, antecipa um sistema de três anos de formação geral básica, dois de especialização profissional (de Mestrado), e três de formação avançada (Doutorado), com devidas adaptações. Pelas propostas que envolvem a implantação, o Ciclo Básico teria a necessária flexibilidade e os recursos para acolher estudantes de diferentes perfis.

A Universidade Federal do Ceará, também nos anos oitenta, elaborou um documento-síntese sobre a avaliação de sua experiência de implantação do Ciclo Básico, fazendo as seguintes recomendações: “dar melhor qualificação aos professores, criar uma coordenação central, diminuir a ênfase à função recuperadora, promover melhor informação sobre as diferentes carreiras, renunciar ao aspecto indiferenciado do 1º ciclo no primeiro semestre e propor a volta da pré-opção”. A proposta foi feita por C. Gomes e outro na Revista Educação Brasileira, no. 16, 1986, intitulada “Conhecimento universal ou profissionalização? Dilemas do 1º ciclo de graduação”. A experiência teria sido abortada na UFC porque contemplava todos os cursos de Humanidades, o que não se mostrou prático.

Esse Ciclo, vale dizer, adotaria currículos que se norteiam pela interdisciplinaridade e pela contextualização. A interdisciplinaridade promoverá ao aluno uma formação mais ampla – um conhecimento globalizado do assunto. Ela poderá levar à especialização para os últimos anos, favorecendo ao aluno, repita-se, uma escolha posterior com mais convicção. De acordo com educadores, esse ciclo retomaria noções de universidade, pois o foco se centralizará na universidade e não no curso.

Para corroborar o sucesso desse Ciclo Básico, registre-se que ela já existe, por exemplo, no Curso de Letras e na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Referências:

http://educador.brasilescola.uol.com.br/politica-educacional/ciclo-basicos.htm

http://www.izabelsadallagrispino.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=149

http://24reuniao.anped.org.br/T1121598294951.DOC

https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#

https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#

prof geraldoProf. Geraldo Augusto Fernandes

Departamento de Literatura, Universidade Federal do Ceará

geraldoaugust@uol.com.br