ENSINAR É CONVIDAR

DR.CINTRA-h150Carlos César Sousa Cintra

Ouvi certa vez de um experto em Pedagogia que a atividade de ensinar, em última análise, nada mais é senão um convite ao aprendizado.
Achei muito oportuna a definição, quer pela singeleza, quer pela exatidão, razão pela qual decidi refletir um pouco acerca da aduzida noção.

O verbo convidar é plurissignificativo, admitindo, entre outros, os seguintes sentidos: “Chamar (alguém) para comparecer a algum lugar ou participar de algo; despertar a vontade; atrair; induzir; apresentar sugestão ou proposta a algo; propor”[1].

Por sua vez, “convite” pode ser compreendido como “pedido ou solicitação para que alguém esteja presente em certa ocasião ou participe de algo”[2].

Neste sentido, pode-se vislumbrar naquela ação a presença de alguns elementos, a saber: os agentes (quem convida – sujeito ativo / convidado – sujeito passivo) e o objeto do convite.

Migrando o que dissemos acima para o contexto relativo ao ensino, sem muito esforço é perfeitamente possível analisar tal atividade a partir das preditas variáveis.

Com efeito, cabe ao docente (sujeito ativo) a sublime tarefa de deflagrar o procedimento, convocando o aluno (sujeito passivo) a entrar em contato com determinado conteúdo programático.

Vejam que o mencionado chamamento, a fim de gerar a esperada ressonância, deve ter o condão de despertar a vontade do discente para interagir com o assunto que se pretende analisar.

Aqui é crucial que o professor logre êxito em demonstrar a utilidade e importância prática de tal matéria para a vida profissional do aluno. Obviamente que isto exigirá destreza e habilidade, a fim de que os discentes percebam que de fato o referido conteúdo não irá viabilizar apenas e tão somente a realização de meros exercícios mentais.

De seu turno, o próprio modo como ocorre o citado convite é também determinante para que todos sejam atraídos a entrar em contato com determinada matéria, com vistas a efetivamente compreender a mensagem que será veiculada pelo professor. Faz-se necessário haver um sincero e contagiante entusiasmo, animação esta que igualmente tem de ser repassada por quem é responsável por aquela solicitação ao aprendizado.

Comparativamente, verifica-se que não é todo e qualquer convite para um evento (festa, por exemplo) que toca os convidados. Afigura-se imperioso evidenciar o que acontecerá no encontro (atrações, ad exemplum), assim como salientar o quão será importante que todos compareçam, tendo em vista que o ambiente será propício a que os participantes desfrutem de momentos agradáveis que ficarão retidos na retentiva de todos.

Pois bem, quando da atividade de ensino não ocorre algo distinto. Incumbe ao docente convocar os alunos a dedicar especial atenção a certos conceitos e ideias, o que, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, não é algo simples.

Eis mais uma prova cabal da grande responsabilidade que pesa sobre os nossos professores.