REFORMA DA PREVIDÊNCIA: UMA NECESSIDADE, NÃO UM CAPRICHO.

1Daniel MaiaDaniel Maia.

Doutor em Direito Constitucional.
Professor de Direito Penal – UFC.

Com um déficit previsto de 182 bilhões de reais em 2017 e com perspectiva de aumento desse valor no decorrer dos próximos anos, a previdência social brasileira mostra-se desatualizada em relação aos modelos adotados nos países de primeiro mundo, e absolutamente inviável em face do recolhimento anual das contribuições e principalmente do quadro de envelhecimento da população brasileira, que tem atualmente como perspectiva de idade média mais de 74 anos.

Diante desse quadro, a reforma do modelo previdenciário não deveria gerar tanta polêmica como está acontecendo, mas o tema, como se tem visto, infelizmente está a servir muito mais de bandeira política para alguns partidos e grupos, que geralmente dizem ser de oposição ao atual governo, do que de pessoas conscientes e que realmente se preocupam com o futuro da sociedade.

Com o atual cenário, em que pessoas com cerca de cinqüenta anos se aposentam e recebem os frutos da previdência por mais tempo do que contribuíram e em uma proporção bem maior do que recolheram para os cofres públicos, a conta simplesmente não fecha.

Reformar o modelo da previdência social brasileira é uma questão matemática e não política – repito: do jeito que está a conta não fecha! -, a qual enseja o comprometimento de todos os atores políticos e sociais em prol de um novo modelo que possa garantir não apenas a tranqüilidade do contribuinte jovem, o qual poderá ter certeza de que ao envelhecer, o Estado terá como honrar com o seu benefício previdenciário, mas também a atual saúde das finanças estatais, as quais não se onerarão em financiar um modelo deficitário de previdência.

De todo modo, o que tem que ser colocado claramente é que a reforma da previdência antes de ser um “querer” político desse ou daquele governo, é uma necessidade que a sociedade brasileira tem e que já deveria ter sido realizada há muitos anos.

Enfim, não adianta espernear ou colocar a culpa nesse ou naquele governante, a reforma da previdência é uma necessidade que a sociedade tem que enfrentar, um remédio amargo para evitar o falecimento das contas públicas e o colapso do sistema de benefícios sociais brasileiro. Reformar a previdência é uma necessidade, não um capricho.