Um laboratório diferente na formação de profissionais da saúde

2Criatividade e dinamicidade são elementos que não faltam em uma sala de aula. Quando alinhados ao conhecimento e a uma metodologia de ensino que os incentive, não importa qual curso ou disciplina, podem gerar pontos positivos para a comunidade acadêmica e a sociedade em geral. E pensando assim que a professora Marta Fonteles, da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE) da UFC, tenta estruturar a Disciplina de Atenção Farmacêutica.

3Ofertada semestralmente aos discentes do 6º período do Curso de Farmácia da UFC, a disciplina incentiva a elaboração de intervenções educativas, que podem ser diretas (como a proposição de palestras, reuniões, apresentações de teatro e música para discutir determinado assunto) ou indiretas (com a produção de folders, cartilhas, cartazes e kits educativos). Todo o plano, desde a escolha do assunto abordado até a produção e execução das intervenções, é elaborado pelos alunos da disciplina, divididos em equipes de aproximadamente 4 estudantes, sob a orientação da professora e auxílio de monitores.

De acordo com a docente, o principal objetivo da disciplina é formar o futuro profissional com uma percepção mais social e assistencial. “Os alunos gostam, é diferente. Eles se assustam um pouco porque a Farmácia é tida muitas vezes como um curso tecnicista, de bancada. Com as inovações da atenção farmacêutica e da farmácia clínica, a gente pretende aproximar mais o farmacêutico, como profissional de saúde, da população. Para esse profissional se envolver mais com a saúde pública, se aproximar mais do paciente e ter um olhar mais social e clínico, que, geralmente, a gente não tem muito”, conta Fonteles.

Apesar de ser um pouco “estranho” para alunos e, até mesmo, para professores acostumados com um laboratório de farmácia mais tradicional, a docente ressalta: “A disciplina é um laboratório diferente, mas é um laboratório como qualquer outro”. Marta destaca ainda que todos os projetos devem levar em consideração os objetivos e as especificidades do público alvo das intervenções, que podem ser crianças, idosos, grávidas, pacientes de doenças crônicas, entre outros.

DSC_2944Professora da UFC desde 1994, Marta Fonteles afirma que foi a partir de experiências no exterior – um curso realizado no Chile, em 1999, e no pós-doutorado na Nova Zelândia, em 2005/2006 – que passou a explorar metodologias de ensino mais dinâmicas e interativas. Em 2007, com base nas novas diretrizes curriculares do curso e aproveitando as experiências vividas no exterior, a professora ajudou a reformular a Disciplina de Atenção Farmacêutica, que antes era vinculada a Disciplina de Farmácia Hospitalar. Desde então, vem colhendo bons frutos. “Alguns alunos se descobrem e dizem: ‘ah, eu não sabia que podíamos fazer isso’. Eles passam a pensar não somente em reagentes, substâncias, pipetas, que é muito característico da farmácia, mas pensam no lado social, ficam tendo mais contato com as pessoas, com gente”, afirma Marta.

A valorização e o incentivo a este laboratório diferente possibilita a formação de profissionais mais ligados ao lado humano e social da profissão, o que pode resultar em uma melhoria na qualidade de vida e de saúde da população. “A gente precisa mais do farmacêutico nesse contexto de saúde pública. Não só produzindo os medicamentos, mas também sabendo como eles atuam nas pessoas, lidando com as próprias pessoas. As farmácias comunitárias, por exemplo, são locais onde surgem muitas perguntas. Depois que o paciente sai de uma consulta com o médico, a farmácia é o primeiro local que o paciente vai ter contato com profissionais de saúde. Então o farmacêutico tem que saber acolhê-lo bem. O foco são as pessoas, a saúde das pessoas, e os medicamentos são uma estratégia para aproximar os farmacêuticos dos pacientes”, conclui.

 

Entrevista de Larrisa Colares
Bolsista CASa 2014