Profa. Gema Galgani Esmeraldo, Departamento de Economia Doméstica da UFC

Breviário: Fale-nos um pouco sobre você: seu background acadêmico, interesses de pesquisa, responsabilidades atuais na UFC.

prof.gema-h150Gema Esmeraldo: Sou professora Adjunto 4 e vinculada ao Departamento de Economia Doméstica desde dezembro de 1991. Também sou docente e Vice-Coordenadora no Mestrado em Avaliação de Políticas Públicas – MAPP. Sou membro do corpo docente no Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA. Participei da criação do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Idade e Família/NEGIF/UFC em 1997 e fui Presidente da Rede Norte e Nordeste de Núcleos de Estudos sobre a Mulher e Relações de Gênero/REDOR no período de 2005-2007. Colaborei como Comentarista sobre a temática Relações de Gênero no Programa Rádio Livre na FM Universitária UFC. Realizei o Mestrado em Educação – UFPB com a pesquisa sobre as relações de poder na CUT e o trabalho final foi publicado pela Editora da UFC com o título “O Feminino na Sombra. Relações de Poder na CUT” em 1998. O doutorado foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Sociologia/UFC que resultou numa tese intitulada “O MST sob o signo de uma economia subjetiva. O Assentamento José Lourenço” no ano de 2004. A partir de 2004 participo da criação e hoje do fortalecimento do Programa Residência Agrária que oferece Estágio de Vivência para estudantes de graduação e de pós-graduação dos cursos de Ciências Agrárias/UFC. Minhas áreas de interesse em pesquisa estão dirigidas para Mulheres Rurais, Movimento Feminista, Movimentos Sociais Rurais e Assentamentos Rurais. Atualmente coordeno o Observatório da Educação do Campo/MEC, o Programa Residência Agrária e o PROCAMPO/MEC.

B: Como desenvolveu interesse pelas temáticas “relações de gênero”, “mulher e trabalho”?

GE: Desde o ano de 1994, quando participei da Direção do Movimento Sindical Docente – ADUFC , me inseri e fui membro da Comissão Estadual da Mulher Trabalhadora da CUT/Ceará. Tal inserção política me motivou a realizar minha pesquisa de mestrado sobre as mulheres da CUT e a participar da criação na UFC do NEGIF/UFC em 1997. Desde então, tenho realizado pesquisas sobre a temática, ministrado palestras, dado assessoria a movimentos sindicais e sociais como ao MST. Realizei uma pesquisa em nível nacional sobre as mulheres lideranças e dirigentes do MST por solicitação do Comitê Católico Contra a Fome e pelo Desenvolvimento (CCFD) instituição francesa. Também ministro uma disciplina Estudos Especiais: Relações de Gênero na graduação e oriento mestrandas nessa temática. Tenho também artigos publicados em livros e revistas sobre o tema.

B: O que o dia 8/3, o Dia Internacional da Mulher, significa para você?

GE: Significa a expressão histórica de uma luta que se reporta à revolução francesa quando mulheres revolucionárias como Olympe de Gouges, ao escrever a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã em 1791, expressava e registrava o papel político das mulheres e a necessidade de seu reconhecimento. Sua luta tem continuidade em outros países e por mulheres socialistas como Clara Zetkin que lidera o movimento pela criação do Dia Internacional da Mulher em 1910. Para mim essa data tem o caráter de classe, socialista e feminista e expressa a necessária continuidade da luta das mulheres por seu reconhecimento social, político e econômico e para comemorar vitórias. É uma data em que as mulheres de faces e colorações diferentes, com histórias de vida específicas vão às ruas festejar, reivindicar, denunciar a histórica opressão das mulheres.

B: Quais os desafios em sua atuação docente na UFC? E como se sente sendo mulher na UFC?

GE: Para ser respeitada há que ser competente, muitas vezes mais do que a média dos homens. Há que dedicar-se à Missão de Professora como uma Mestra.

B: Qual sua percepção sobre o papel da mulher na construção da universidade brasileira?

GE: As primeiras mulheres a adentrarem nas universidades brasileiras acumulavam uma experiência familiar de quebra de padrões patriarcais, eram também mulheres da vanguarda de movimentos femininos. Hoje o crescimento da presença da mulher em diferentes áreas de conhecimento é resultado da luta do movimento feminista para quebrar paradigmas, modelos de organização social inscritos no sistema patriarcal. Há sim, avanços no acesso à universidade, mas é ainda limitada a presença da mulher nas pesquisas da área das ciências exatas e em cargos de direção. Mas a sua inserção, presença e qualidade de trabalho é crescente, e reconhecidamente competente.

B: O que mais lhe alegra em seu papel como docente?

GE: É perceber a presença VIVA dos/as estudantes na sala de aula, e digo presença viva quando pulsa a participação, a reflexão, a crítica, o diálogo, a transformação interna, o exercício de transposição dos aprendizados para a vida de cada um.

B: Qual sua opinião sobre a CASa? Qual a importância da formação docente para o professor recém-chegado à UFC, em especial no que diz respeito à questão das relações de gênero?

GE: Considero importante o surgimento de novas formas e práticas pedagógicas para chegarem junto do Desejo dos Estudantes. A mim parece que a CASA faz esse belo papel. Entendo que a UFC tem estado aberta ao diálogo sobre Relações de Gênero. Mas os desafios, como a violência sofrida pela Mulher é ainda uma grande Chaga em nossa sociedade. Por isso, ampliar os espaços para dar Força à Luta das Mulheres é missão de todos nós, seja na individualidade, seja na institucionalidade.

B: Para além da vida no campus, quais são seus outros interesses, hobbies etc?

GE: Adoro ir ao bom cinema, encontrar amigos, viajar…viajar…às vezes sem sair do lugar…ou saindo também para conviver o cotidiano em outras territorialidades…culturas.

 

Entrevista realizada na data 08/03/2012 para coluna Spotlight do Breviário da CASa.