Prof. Mauro Pequeno, Diretor do Instituto UFC Virtual

Breviário: O Sr. foi um dos protagonistas da implantação da Internet no Ceará, uma iniciativa que está completando 20 anos. Fale-nos de como tudo começou.

prof.mauro-h150Mauro Pequeno: Pelo que lembro, eu tomei conhecimento da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) quando retornei do Doutorado, em 1992. O Tarcísio Pequeno (professor do Departamento de Computação) me procurou, pedindo para entrar em contato com o Prof. Ricardo Thé, na ocasião Pró-Reitor de Administração, pois havia recebido uma solicitação do Coordenador da RNP, Tadao Takahashi, para que a UFC aderisse ao projeto da RNP, que se constituiria na rede Internet do Brasil, ligando as Universidades Públicas e Instituto de Pesquisa. Quando procurei o Pró-Reitor, ele me mostrou um segundo ofício do Tadao, já ameaçando deixar a UFC fora do projeto por falta de resposta da mesma. Imediatamente entrei em contato com o Tadao e agendamos uma vinda dele à UFC. Dessa visita, com o acerto entre o Reitor Antônio Albuquerque, ficou assegurada a participação da UFC, inclusive com a instalação do POP (Ponto de Presença da RNP) que, por sugestão do Prof. Tarcísio, ficaria sediado no LIA (Laboratório de Inteligência Artificial), que estava em implantação, no Departamento de Computação, do qual eu também fazia parte. O POP iniciou com as estações de trabalho SUN que o Tarcísio havia conseguido para o LIA e, posteriormente, recebeu outras da RNP. Então, no primeiro semestre de 1992, foi o nascimento da rede cearense (Internet), com três pontos de acesso: um no LIA, outra no Departamento de Física e um outro na FUNCEME. A Física se ligava através de Cabo e a FUNCEME por acesso discado. Posteriormente, outras instituições vieram se ligar à rede através de acesso discado, como a estação do INPA (Instituto Nacional de Pesquisa da Aeronáutica), no Eusébio, o primeiro ponto de internet no Ceará fora de Fortaleza.

Em um evento acontecido no ano seguinte, em um Hotel na Beira Mar, com a presença do Governador Ciro Gomes, entreguei ao Reitor Albuquerque uma solicitação de participação do Governo do Estado na expansão de ponto de acesso à Internet, e conseguinte implantação da rede cearense. Daí, o Reitor, aproveitando a oportunidade, conseguiu o apoio público do governador Ciro Gomes, que prometeu doar o equivalente a 100 mil dólares (para termos uma ideia de valores atuais) para a implantação da rede cearense, com a condição de a rede contemplar o NUTEC e a UECE. Para tanto, foi necessária a elaboração de um projeto para ser entregue ao Governo do Estado para o tal financiamento. Elaborei o projeto, que contemplava a instalação de uma rede de fibra ótica contemplando sete pontos (Depto. de Computação – POP, Física, Matemática, Engenharia Elétrica, NPD, Biblioteca e o NUTEC), e também os equipamentos necessários para roteamento. Essa foi a primeira rede da UFC. Tudo foi muito novo e complicado, pois tivemos que orçar, dimensionar e licitar fibras óticas e conectores sem muito conhecimento da área, pois tudo era muito novo.

Não lembro quem venceu a licitação das fibras óticas, mas lembro que o material era belga. Logo a seguir, fiz um projeto para a IBM, utilizando a Lei de Informática, e consegui uma estação de trabalho de grande porte, um nobreak também de grande porte e o rack para alocação dos roteadores da rede de fibra ótica. Em paralelo, foi formada uma equipe local da RNP, que passou a contar com a Profa. Rossana Andrade (convidei-a quando participei de sua defesa de Dissertação de Mestrado em Campina Grande, PB), que deu um grande impulso à rede cearense, que se expandiu para outros pontos externos de forma discada: os Correios, o BNB, a UNIFOR, UECE, EPACE, SERPRO e o Jornal O Povo, além da FUNCEME, que participava desde o início e do INPA.

Com o sucesso no Ceará, a UFC foi convidada a coordenar a implantação nos estados vizinhos do Piauí e do Maranhão. Mas essa é outra história, fica para depois.

Bem, acho que foi esse o passo inicial da implantação da Internet no Brasil e no Ceará.

B: Qual sua opinião sobre a CASa? Qual a importância da formação docente para o professor recém-chegado à UFC?

MP: A CASa foi uma inovação nos antigos cursos de Introdução à Docência. Mais dinâmico, participativo, trazendo o recém-chegado a um ambiente colaborativo, onde ele é o agente principal de sua própria formação.

B: Fale-nos um pouco de sua experiência docente – o que mais lhe alegra como professor? Ainda encontra desafios?

MP: Em minha área de atuação, passei por diversas mudanças tecnológicas que me motivaram a sempre buscar o novo e incorporar esse conhecimento à prática pedagógica. A docência em qualquer área exige atualização constante e inovação. Os desafios são constantes, pois não se pode congelar no tempo e ser um bom professor.

B: Para além da vida no campus, quais outros interesses cultiva, hobbies etc?

MP: Em toda minha vida, sempre fui engajado em diversos tipos de esportes. Alguns mais convencionais, como futebol e voley, outros mais radicais, como surf, trilhas e rallyes. Hoje em dia, estou mais acomodado, mantendo apenas o futebol e a musculação. Por outro lado, outras atividades que sempre estiveram presentes, atualmente ocupam maiores espaços que são a leitura e a música, e claro, que o computador e a internet completam ou até extravasam meu dia a dia.

 

Entrevista realizada na data 28/03/2012 para coluna Spotlight do Breviário da CASa.