ATIVIDADE DOCENTE EM CURSOS DE GRADUAÇÃO: NOVOS TEMPOS

DR.CINTRA-h150Carlos César Sousa Cintra

Não é de hoje que se discute que o exercício da docência em cursos de nível superior não mais pode manter-se aprisionado aos padrões empregados no passado, mormente no que se refere ao modo de portar-se do professor em sala de aula.

Em primeiro lugar, por força da real possibilidade de acesso, de modo virtual, a uma gama de informações, os discentes, pelo menos em tese, dispõe de objetivas condições de antecipar-se à “fala” do professor, estudando determinados conteúdos que estão sendo ministrados, ou ainda serão objeto de abordagem em sala de aula.

Demais disso, a incomensurável velocidade das informações, que hoje são disponibilizadas via internet e redes sociais em tempo real, do mesmo modo, favorece a disseminação do conhecimento com agilidade (ainda que, em muitos casos, sem o devido rigor científico).

De fato, não raro encontramos alunos que frequentemente utilizam dispositivos diversos em sala de aula (notebooks, tablets etc.) para acompanharem determinadas exposições, inclusive com vistas a aferir a exatidão e atualidade dos conteúdos ministrados pelo responsável por esta ou aquela disciplina, que como facilmente se percebe não mais figura como sendo a única (e incontestável) fonte do saber.

Com efeito, não mais há espaço para o docente que supõe ser o detentor (exclusivo) de determinado conhecimento, e que em razão desta açodada pretensão, imagina ser possível atender às expectativas de seus alunos somente com o cabedal de informações adquiridas ao longo dos anos.

Hoje em dia,  muitas são as habilidades exigidas de quem pretende lançar-se na árdua tarefa docente[1]. Foi-se o tempo em que se admitia que a mera detenção de conhecimentos específicos sobre a matéria a ser lecionada bastava para que sempre fosse exitosa a atividade docente, que consistia basicamente na singela exposição de tópicos previamente selecionados por ele.

O estímulo à formação de uma consciência crítica aliada à necessária problematização, que sempre deve reinar em sala de aula, são exemplos de estratégias que per se demandam do docente uma postura proativa, isto é aberta a novas possibilidades em se tratando inclusive do modo de interagir com seus alunos.

De seu turno, mesmo sem possuir formação superior pedagógica (apenas tivemos a oportunidade de participar de cursos específicos dirigidos a instrutores, quando fui servidor da SEFAZ/CE), atrevemo-nos a afirmar que cada vez mais é preciso reconhecer a necessidade de se instaurar diálogos (e não monólogos) quando da condução de determinada matéria, pois somente com tal dialeticidade os objetivos (ensinar + aprender + apreender) ansiados pela atividade designada de “ensinagem” (ensino/aprendizagem)[2] poderão ser verdadeiramente atingidos – “saber o quê…”, “saber como…”, “saber porque…” e “saber para quê…”[3]

Por derradeiro, sublinhamos que a utilização de ferramentas disponibilizadas pela pedagogia (planejamento / métodos de ensino / sistema de avaliações etc.), em conjunto com tecnologias da informação e comunicação postas à disposição de todos, igualmente, é suma importância para que a condução de disciplinas em curso superiores corresponda, ao final do período letivo, às expectativas inicialmente almejadas por todos (docente / discentes).


[1] Cf., por todos, LIBÂNEO, J. C, Adeus professor, adeus professora? Novas exigências profissionais e profissão docente. (coleção questões de nossa época, 67), São Paulo, Cortez, 2003.

[2] ANASTASIOU, L. G. C., Metodologia do Ensino Superior: da prática docente a uma possível teoria

pedagógica. Curitiba, IBPEX, 1998.

[3] Cf. Anastasiou, L.G. C. Docência no Ensino Superior e os Saberes Científicos e Pedagógicos. Revista Univille, Educação e Cultura, v.7, n.1, junho 2002.