INGRESSANDO À UNIVERSIDADE FEDERAL – ESTÁGIO DOCENTE

Não é tão simples retroceder, apesar de estar acostumado a trabalhar com escalas de tempo bem distintas. Neste relato tentarei correlacionar as atividades do Estágio Docente realizadas em minha primeira instituição Federal de Ensino – UFPI, com a preparação para o ingresso como professor da UFC. Vamos em frente e vejamos!

Quando se fala em atividades relacionadas ao preparo para a Docência, logo vem em mente um turbilhão de indagações, principalmente daqueles nada acostumados aos preceitos da licenciatura, como eu. Os rumores eram: será que tem muita filosofia? Será que vai ser aquele papo que não chega a lugar algum? E as tais “dinâmicas”, vão ocorrer? Como se dá a interação do grupo? Será que vão passar uma receita infalível de como ensinar? Pode perguntar? Pode discordar? Enfim, eram muitas as possibilidades e poucas as certezas.

A primeira pergunta foi: Qual o nosso propósito para aquele momento. Brevemente alguns olhares se cruzaram e acertava-se que o intuito era adquirir informações acerca das normas e conduta a serem adotadas pelo professor para um melhor rendimento em sala de aula. E alguns paralelos ali se formavam. O principal deles abordava a relação professor versus aluno, ou professor e aluno, ou professor com aluno, utilizando-se o conectivo mais pertinente para se aproximar de uma das relações mais complexas que se possa descrever. Estavam todos em busca de um comportamento padrão, mas bastava olhar para o lado para perceber tamanha utopia. Como poderíamos querer padronizar algo se nem mesmo os mediadores do aprendizado são provenientes de uma mesma essência? A sala de conferências estava lotada de professores, vindos de vários locais do nosso continental país. Culturas, formação pessoal e acadêmica, credos, comportamentos, orientação política, histórias de vida, tudo distinto! Nada compatível! E agora, como padronizar? Que árdua tarefa! Para isso estávamos ali, aprendendo a ser docentes, aprendendo a ensinar, e, aos poucos, percebíamos que existia uma regra muito simples que traduzia o encanto pelo ofício. A máxima era uma palavrinha chamada “respeito”. Como poderíamos ensinar algo sem nos colocarmos no lugar do discente? Não há como! Era necessário nos despirmos de boa parte da nossa essência para entrarmos no círculo alheio. Era necessário enxergarmos por uma nova ótica, às vezes em outra direção, para entendermos as reais necessidades de quem busca conhecer, quais as expectativas, as limitações, os interesses, os sonhos, a vontade.

Muito se abordou sobre as normas. O que pode, o que não pode, para o docente e para o aluno. Em se tratando de autonomia, depositou-se no professor a maior expectativa. Esta figura representaria o principal veiculo. Seria o trânsito entre a teoria exaustivamente abordada na Pedagogia e o viável para o contexto local.

Seria realmente necessário entender fielmente sobre o público para o qual propagaríamos o conhecimento. Por ser um Campus da Universidade Federal do Piauí, recém implantado no interior do estado, logo se percebeu que os alunos eram ávidos de conhecimento e atraídos pelo novo, porém sem a exata noção da responsabilidade e importância de uma qualificação profissional. O saber era disponibilizado, não era injetado. A responsabilidade era mútua, onde o professor se portaria como mediador e os discentes seriam autônomos. Isso mesmo! Nessa relação não havia outras obrigações que não com o aprender e formar. Essa construção foi paulatina, pouco a pouco se percebia que nada seria construído se não houvesse ação e nova postura.

Ao final do encontro de preparação pedagógica podemos concluir que as bases científicas são muito importantes para uma boa condução no oficio da docência. Ademais estas bases devem sempre contemplar uma forte relação docente-discente,em se tratando de respeito mútuo e contextualização do conhecimento. Desta forma não se pode esperar nada muito diferente do tão almejado sucesso. Professor é como pai, enquanto pensamos que deixamos muito de nós para os alunos é que percebemos o quanto levamos deles.

Prof_Eneas_lousadaProf. Dr. Enéas Oliveira Lousada

Departamento de Geologia, Universidade Federal do Ceará

enas@ufc.br