Prof. Arthur Callado, Coordenador da Ambiência Temática “Professor, pesquisador, animador e mágico”

Breviário: Fale-nos um pouco sobre você: seu background acadêmico, interesses de pesquisa, responsabilidades atuais na UFC.

prof.arthur-h150Arthur Callado: Sou formado em Ciência da Computação pela própria UFC e cursei mestrado e doutorado em Computação na UFPE, na área da Redes de Computadores. Também participei de alguns projetos de pesquisa tanto do governo quanto em cooperação com empresas, via Lei de Informática, nas áreas de qualidade de serviço com análise de desempenho, computação colaborativa, sistemas embarcados para telefonia IP, análise de tráfego e redes de distribuição de conteúdo. Atualmente, como professor da UFC, ministro disciplinas na área de redes de computadores para os três cursos do campus de Quixadá (Engenharia de Software, Redes de Computadores e Sistemas de Informação), participo de três projetos de pesquisa (estudo de Voz sobre IP e mobilidade de usuário para o campus de Quixadá, com bolsa de produtividade em pesquisa da FUNCAP; estudo de negociação entre redes de distribuição de conteúdo, em parceria com a UFPE e a Ericsson; e estudo sobre infraestrutura para monitoramento de tráfego aéreo com o sistema ADS-B, com bolsas de IC da UFC), participo de três colegiados no campos de Quixadá (curso de Engenharia de Software, curso de Redes de Computadores e conselho de campus, como representante docente) e, finalmente mas não menos importante, participo do projeto CASa, como costumo dizer, “para virar um professor de verdade”.

B: Você coordena uma Ambiência Temática de nome bem curioso: Professor, pesquisador, animador e mágico. Por que esse nome e como surgiu a ideia da Ambiência Temática 07?

AC: Esse nome surgiu da impressão de que “um professor de verdade” em uma universidade pública tem muitas atribuições e precisa não somente conhecê-las, mas também saber conciliá-las e principalmente participar de maneira coerente nas diversas atividades de forma a atingir um determinado objetivo no longo prazo. É preferível que este objetivo seja comum a outros professores e à unidade acadêmica. Frequentemente, tanto alunos quanto colegas (outros professores) não vêem o quanto cada um trabalha em suas diversas atribuições, seja por falta de registro formal das atividades, seja por falta de divulgação. No campus de Quixadá, nossos principais objetivos são formar mão-de-obra de alta qualidade na área de tecnologia da informação e num futuro próximo próximo termos um pólo de empresas de TI para aproveitar essa mão-de-obra.

B: Quais os maiores desafios enfrentados pela AT07? E quais conquistas já foram alcançadas?

AC: Creio que o primeiro desafio seja definir as fronteiras do que podemos e do que devemos. Existem diversas leis e regulamentos que definem o que se deve e o que se pode fazer na UFC, mas ao ser contratado um professor não tem qualquer noção das regras. A SRH (Superintendência de Recursos Humanos da UFC) ajuda um pouco nisso, pois entrega aos servidores recém-contratados uma cópia da lei 8112, que rege o funcionalismo público (e que sequer é lida pela maioria) e sempre está pronta para tirar dúvidas. No final das contas, o professor vai aprendendo sobre o funcionamento da universidade, do que pode ou não fazer e de como fazer de maneira ad-hoc, à medida que as coisas vão aparecendo. Isso faz com que o trabalho seja um pouco amador no começo e causa bastante incerteza nos docentes. Para melhorar isso, nesta ambiência temática tentamos misturar discussões informais sobre situações práticas com apresentação formal de tecnologias que podem ajudar o “fazer docente”. No mês passado, tivemos uma apresentação sobre os direitos e deveres para discentes e docentes baseada no regimento geral da UFC e seguida de uma seção de tira-dúvidas que diminuiu bastante o desconhecimento das normas internas. Neste mês de Abril, no dia 25 teremos um relato de experiência de um professor com o uso de uma tecnologia nova em uma disciplina, seguida de discussão.

B: Pessoalmente, como se envolveu com os temas da AT07?

AC: Desde a minha infância eu imagino, ao assistir a uma aula, o que eu faria diferente se eu estivesse no lugar do professor. Essa visão crítica desde cedo me permitiu rever alguns dogmas do ensino, ver que há várias formas diferentes de ensinar a mesma coisa e descobrir que o ensino não é determinístico, pois frequentemente algumas formas funcionam melhor para algumas pessoas enquanto outras formas são melhores para outras pessoas. Isso, claro, e a multiplicidade de atribuições de um servidor docente (o termo “professor” não dá a exata dimensão do trabalho) me fizeram enxergar a necessidade desta ambiência.

B: Fale-nos um pouco de seu trabalho como docente na UFC: como decidiu lecionar na UFC; quais disciplinas ensina; o que mais lhe alegra em seu papel como docente; quais seus desafios?

AC: Durante minhas pós-graduações, meu interesse era somente por pesquisa e não por ensino. Entretanto, fui obrigado a lecionar várias aulas durante o estágio docência (exigência da minha bolsa de pós-graduação, da CAPES). Quando ministrei estas aulas, vi que lecionar também era muito interessante e vi o quanto um professor faz a diferença na vida de um aluno. Quando tomei posse na UFC, como fui contratado para cursos em implantação, fui alocado para disciplinas que estavam sem professor: Fundamentos de Programação e Bancos de Dados. Mas com o passar do tempo, fui alocado em disciplinas mais alinhadas com minha área de interesse (que é a área do concurso que prestei): Redes de Computadores, Tópicos Avançados em Redes de Computadores, Gerência de Redes e Serviço de Redes. Creio que o que mais alegra um professor é ver o aluno aplicar o que aprendeu e ir além do que foi ensinado, por isso tento em toda disciplina passar trabalhos finais em que o aluno tenha algum grau de escolha sobre o que vai ser feito, sempre dentro do assunto da disciplina.

B: Qual sua opinião sobre a CASa? Qual a importância da formação docente para o professor recém chegado à UFC?

AC: Acredito que o CASa tem um papel crucial na formação docente. Ainda hoje muitos professores iniciam sua carreira docente recém-saídos de uma pós-graduação e sem ter experiência prática no assunto que vão lecionar ou no ensino em si. Há alguns anos, a formação docente era complementada com cursos de formação didática, mas logo viu-se que em tais cursos as carências de formação dos professores eram muito diferentes entre si. O atual formato do projeto CASa permite que professores juntem-se em grupos de interesse específicos e criem o curso de formação que acharem necessário à complementação de sua formação. Além disso, o CASa incentiva a iniciativa individual, tão importante para um docente ou pesquisador.

B: Como é a vida no Campus de Quixadá? E para além do campus, quais são seus outros interesses, hobbies etc?

AC: Com a inauguração do prédio novo (antes, o campus de Quixadá funcionava em algumas salas de um prédio emprestado e em algumas salas alugadas no centro da cidade), há algum conforto e espaço para as diversas atividades do campus. Ainda temos um outro prédio e também um espaço de convivência em construção, de forma a aumentar ainda mais o conforto. Quanto aos hobbies, interesso-me muito por livros (pelo menos um, não-técnico, por mês), filmes, seriados e também jogos online, para surpresa de muitos alunos. Como a única sala de cinema da cidade de Quixadá está no circuito de filmes de arte e não abre todos os dias, costumo ver filmes pela TV ou então online (Youtube, Netflix). Sair com os amigos (ou visitá-los/recebê-los) também é sempre divertido.

 

Entrevista realizada na data 18/04/2012 para coluna Spotlight do Breviário da CASa.