GABARITO COMPARTILHADO

Dr. Maximiliano - para avaliar2-h150Maximiliano Porto

Todos os alunos da turma atentos, cheios de conhecimento e ávidos por discutir os temas propostos. Parece um paraíso para qualquer professor se tal quadro representar uma aula ordinária. Porém, tenho percebido tal situação em um momento tão específico quanto ímpar: a discussão do gabarito imediatamente após uma prova valendo nota.

O volume crescente de informações a ser transmitida em um tempo reduzido, a inexperiência dos alunos em classificar a importância do substrato estudado e a escalada na busca de maior qualidade de vida discente tornam praticamente impossível estudar adequadamente antes de ter a oportunidade de discutir com o professor em encontros normais. Tal panorama é modificado na semana de provas, quando os estudantes encontram tempo até nas madrugadas para se preparar para as avaliações. Que tal aproveitar tal oportunidade ímpar para trabalhar competências essenciais ao curso médico?

O modelo de discussão envolve o conceito de “gabarito único compartilhado” pela turma, ou seja, todos os participantes da prova deverão entrar em consenso sobre o melhor gabarito para cada questão. Naturalmente ocorrem divergências e nelas está o ápice da discussão, pois a argumentação sólida para sustentar respostas divergentes para uma mesma questão está motivada pela vontade de ter uma melhor nota.  O professor deve fazer o papel de um mediador coadjuvante e ser mais ativo na solução de possíveis impasses entre pensamentos opostos dos estudantes.

Uma ótima ideia seria atribuir pontos extras aos alunos que solucionarem dúvidas da própria turma adequadamente. Assim, o raciocínio em tempo real seria valorizado. Neste modelo, os próprios alunos sugerem ou induzem ao professor modificações a serem feitas, de forma que os modelos de questões de prova podem ser lapidados ao máximo.

Outro ponto a ser considerado, seria a produção de múltiplas respostas válidas com o objetivo de sair do tradicional e permitir ao aluno tentar apontar se aquela questão tem uma, duas ou mais respostas. Isso aumenta de sobremaneira a complexidade das elaborações e induz o aluno se preparar melhor para estar seguro em cada aspecto das questões. Assim, o professor produz um equívoco propositalmente com o objetivo de estimular o senso crítico dos alunos. Acredito ser uma experiência válida!