Cursos de aperfeiçoamente e de atualização pedagógica para docentes do ensino superior na Universidade Federal do Ceará

Na década de setenta, os professores do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará eram, em sua maioria, provenientes de cursos superiores como Agronomia, Engenharia, Matemática, Física, etc., ou seja, não tinham frequentado cursos de Pedagogia.

Consciente do problema e, sobretudo objetivando a melhoria do ensino, em 1976, a Universidade Federal do Ceará conseguiu o “CURSO DE APERFEIÇOAMENTO PARA DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR”, promovido pelo IICA, EMPRABA E CAPES, num total de 180 horas, realizado no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, para todos os professores docentes do Centro de Ciências Agrárias, cujo diretor era o então Prof. Antônio Albuquerque de Souza Filho.

Sucintamente, o curso era composto de duas etapas:

Etapa I – Sistemas de Produção aplicados à Pesquisa e ao Ensino (conteúdo):

1. Elementos de Ecologia;

2. Teoria Geral de Sistemas;

3. Instrumental para a tomada de Decisão em Sistemas;

4. Concepção de projetos para pesquisa em sistemas; Organização de projetos de pesquisa interdisciplinar; Bases técnico-administrativas da pesquisa;

5. Enfoque sistêmico no ensino.

 

Etapa II – Curso de Metodologia do Ensino Superior (conteúdo):

1. Planejamento de ensino;

2. Teorias de ensino;

3. Objetivos de ensino;

4. Avaliação da aprendizagem;

5. Procedimentos de ensino;

6. Organização de um tema de ensino.

Eu, Prof. José Valdeci Biserra, então professor do Departamento de Economia Agrícola, frequentei, com aproveitamento, o referido curso, conforme documentação apresentada, a seguir.

Novamente, no período março-agosto de 1985, a Universidade Federal do Ceará, ainda preocupada com a formação pedagógica dos professores, ofereceu, através da Pró-Reitoria de Graduação, Coordenaria Técnico-Pedagógica, Departamento de Economia Agrícola, no Centro de Ciências Agrárias, o “CURSO DE ATUALIZAÇÃO PEDAGÓGICA”, para todos os professores do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará.

Este curso teve importante participação da profa. Meirecele Calíope Leitinho, Coordenadora da CTP.

Outra vez, eu, Prof. José Valdeci Biserra, participei, com aproveitamento, do referido curso, conforme certificado apresentado a seguir.

No nosso entendimento, ambos os cursos – o primeiro, de aperfeiçoamento e o segundo, de atualização pedagógica – foram extremamente importantes para o grupo de professores que participaram dos cursos porque: (i) os alunos eram um grupo de professores do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará que, a rigor, praticamente, não tinham treinamento especializado na “arte da docência”; todos eram profissionais da área da agronomia, da engenharia, física, química, matemática, etc. e, (ii) os professores ministraram o conteúdo do programa proposto, considerando o enfoque sistêmico no ensino.

A conclusão maior que ficou do aprendizado é que o enfoque sistêmico no ensino seleciona, elabora e analisa todas as partes de um todo (por exemplo, um curso ou mesmo uma disciplina) de forma consistentemente integrada objetivando um todo, ou seja, um curso, por exemplo, que funciona de forma completa e harmoniosa.

Neste sentido, deve-se evitar o engessamento das partes individuais de um todo. Trata-se de um enfoque do global, onde as partes (parcelas) se integram de forma harmoniosa para completar um todo. Neste caso, o total é mais que a soma das partes, porque as partes se completam, gerando sinergias.

Isto é importante para o ensino no sentido de mostrar um referencial global do total e entender onde estamos ou o que estamos estudando, quando recebemos o conteúdo de uma disciplina de um determinado curso (agronomia, por exemplo). É importante para que o aluno entenda onde ele está no contexto geral. Qual a importância da parte (conteúdo) que se está discutindo ou investigando. Ainda, onde ele vai aplicar o conteúdo atual nos passos futuros, ou seja, como se integram ou se ajustam as partes no global.

Assim, este enfoque é, também, extremamente essencial quando da organização de um tema de ensino, como por exemplo, uma disciplina ou um capítulo de um livro: as partes devem complementar-se perfeita e harmoniosamente para a formação do todo.

Quanto à avaliação da aprendizagem, acredita-se que não deve se direcionar para detalhes sem importância, perdidos ou incompletos, que não levam a nada. Ao contrário, os questionamentos ou questões devem ser justas, claras, compreensíveis e focadas nos objetivos gerais e específicos de cada parte ou capítulo da disciplina. “Nada de cascas de banana”. Este procedimento, além de justo, com certeza encoraja o estudante, incentiva-o a estudar mais, aumenta a confiança do estudante com relação ao professor e é importante para uma convivência ou relacionamento saudável com o professor.

É importante também que o professor evite provas muito longas em relação ao tempo que os alunos têm para resolvê-las. Após a elaboração da prova, é recomendável que o próprio professor a resolva para ter ideia do tempo que é necessário para resolvê-la e, importante, que ele próprio tenha certeza que as questões têm respostas, especialmente em provas que exigem cálculos.

Também, para que se tenha um relacionamento e uma convivência sadia e justa, é imprescindível que a prova tenha sido programada com antecedência e marcada para uma data que seja a mais conveniente possível para todos os alunos. Isto transmite mais segurança aos alunos, os quais devem estar convenientemente preparados para as provas.

Por fim, é conveniente salientar que há quem diga que em uma prova bem elaborada também se aprende.

 

Prof Valdeci-h150Prof. José Valdeci Biserra

vbiserra@uol.com.br