Bem, pessoal, aqui começa minha pequena contribuição para esse projeto tão legal que é o blog da CASa/UFC.
Meu nome é Raul Nepomuceno, sou professor da Faculdade de Direito, lotado no Departamento de Direito Público, mas não é exatamente sobre Direito que venho tratar. Pretendo compartilhar aqui algumas reflexões, até agora solitárias, sobre a minha maior fonte de prazer nas letras: a obra de Machado de Assis.
Serão reflexões curtas, tentando sempre relacionar algum trecho machadiano com a nossa experiência como docentes – ou como indivíduos sempre envolvidos em relações intersubjetivas, num sentido mais amplo. Com sua verve inigualável, Machado tem sempre alguma coisa muito interessante para nos ensinar sobre nós mesmos, especialmente sobre nossas fraquezas, que são tantas, sempre com um traço de riso e de melancolia.
Hoje, para não me prolongar demais, deixo apenas um trecho de “A mão e a luva”, em que o narrador, referindo-se ao ingênuo Estevão, diz assim:
“Aquele bom rapaz tinha a salutar crendice da esperança, em que muita vez se resumem todas as bênçãos da vida.” (A mão e a luva, cap. VII)
Às vezes, pode mesmo parecer que o ofício de professor consiste em algo semelhante a enxugar gelo continuamente, dia após dia. Vários fatores, de várias espécies, acabam conduzindo a certo desânimo, aqui e ali. No entanto, a mim parece que o professor que ama lecionar sempre se renova nessa tal “crendice da esperança”, talvez ingênua, talvez desesperada por sentido, mas que realmente crê que há algo muito relevante a ser dito, a ser compartilhado, a ser vivido, a ser apreendido – por ele mesmo, professor, inclusive, que apreende também, e muito mais que aquilo que ensina.
É exatamente essa esperança que faz do nosso trabalho uma grande bênção (digo, para nós, porque para os alunos… há ou pode haver controvérsias).
Professor Raul Nepomuceno
Faculdade de Direito
Departamento de Direito Público
raulnepomuceno@gmail.com